fevereiro 04, 2006

SINTO-ME COMO NIETZCHE



“Nasci no dia 31 de Dezembro de 1981. Faça as contas para saber quantos anos não tenho. Que "não tenho", sim; porque o número que vai encontrar se refere aos anos que não tenho mais, para sempre perdidos no passado. Os que ainda tenho, não sei, ninguém sabe...

Golpes duros na vida me fizeram descobrir a literatura e a poesia. Ciência dá saberes à cabeça e poderes para o corpo. Literatura e poesia dão pão para corpo e alegria para a alma.
Ciência é fogo e panela : coisas indispensáveis na cozinha. Mas poesia é o frango com quiabo, deleite para quem gosta...Quando jovem, Albert Camus disse que sonhava com um dia em que escreveria simplesmente o que lhe desse na cabeça. Estou tentando me aperfeiçoar nessa arte, embora ainda me sinta amarrado por algumas mortalhas acadêmicas e gramaticais.

Sinto-me como Nietzche, que dizia haver abandonado todas as ilusões de verdade. Ele nada mais era que um palhaço e um poeta. O primeiro nos salva pelo riso. O segundo pela beleza.

Com a literatura e a poesia comecei a realizar meu sonho quase fracassado de ser escritor: comecei a fazer textos com “palavras”. Leituras de prazer especial: Nietzche, T.S.Elliot, Kierkegaard, Camus, Angelus Silésius, Guimarães Rosa, Saramago, Tao Te Ching, o livro de Eclesiastes, Bachelard, Octávio Borges, Barthes, Michael Ende, Fernando Pessoa, Adélia Prado, Manoel de Barros. Pintura: Bosch, Brueghel, Grünnevald, Monet, Dali, Larsson.
Música: Canto Gregoriano, Bach, Beethoven, Brahms, Chopin, César Franck, Keith Jarret, Milton, Chico, Tom Jobim.

Sou um tanto psicanalista, embora heterodoxo. Minha heterodoxia está no fato de que acredito que no mais profundo do inconsciente mora a beleza. Com o que concordam Sócrates, Nietzche e Fernando Pessoa (leia o poema "Eros e Psique", de Fernando Pessoa).
Exerço a arte com prazer. Minhas conversar com meus “eus” são a maior fonte de inspiração de que tenho para minhas crônicas e contos. Já tive medo de morrer. Não tenho mais. Tenho Tristeza. A vida é muito boa. Mas a Morte é minha companheira. Sempre conversamos e aprendo com ela. Quem não se torna sábio ouvindo o que a Morte tem a dizer está condenado a ser tolo a vida inteira."



Livre adaptação do texto: Rubens Alves...por ele mesmo.

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