abril 29, 2006

QUEM PRECISA DE DOUTOR?


Anteriormente quando eu ainda era criança, sempre ouvia minha mãe dizer, ao saber que estava doente, que me levaria ao médico, ou melhor dizendo, ao doutor. Até então, nesta época, para mim doutor era todo aquele que vestisse um jaleco branco e cuidasse das enfermidades alheias.



Tempos depois descobri que aquelas mesmas pessoas em jalecos brancos continuavam a ser médicos (se não fossem enfermeiros), mas doutor talvez não. Soube que nem todo médico é doutor, muito menos que todo doutor era médico.



Pois bem, ao entrar em contato com a vida acadêmica, persebi que este título pesa bem mais do que os anos necessários para merecê-los. Há uma espécie por aí nas universidades, que nunca foram nada além de doutores, senti-se no olhar que “nem mesmo passaram” pelo mísero caminho da graduação.



Estou tendo a sufocante oportunidade de conhecer vários doutores, claro que como no reino animal sempre há em certa espécie, um que seja melhorzinho que o outro, mas na primeira oportunidade te jogará na cara o doutorado, por mais “insignificante” que ele seja.



Persebo que para essa espécie o graduando é como se fosse uma criança: mal sabe falar, se expressar, nem tão pouco pensar. Parece que quem ainda não possui um doutorado não tem “bagagem” nenhuma, seja ela cultural, ideológica ou opinativa.



Sinto uma arrogância tamanha no ar, desta que te pergunta: “quem é você para me criticar ou a meu trabalho?” Como se só o tal título de doutor nos desse esse direito, deve ser por isso que os graduandos são tão “perseguidos”, é uma linha continua: hoje graduando, amanha doutor.



Bom, doutores ou não eu estarei lá para criticar se assim eu o achar necessário, opinar se eu achar necessário e quem sabe confronta-los se eu achar necessário, não gratuitamente, pois assim eles estariam certos, mas com embasamento, provando-os que não preciso ser doutor para poder pensar.



Isto é uma convenção acadêmica para estratificar o corpo docente. Quanto aos médicos, continuo chamando-os de doutores (mesmo sabendo que a maioria não possui este título) e apesar de não ter feito medicina continuarei a criticá-los se assim eu achar necessário.

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