dezembro 23, 2005

AOS POBRES QUE AJUDEI



Parece mesmo que a caridade não foi feita para mim. Ou pelo menos em minhas tentativas, não me saí nada bem.
No último domingo dia 18 de dezembro, foi convidado a dar uma mãozinha em prol de uma boa ação. Há quatro anos, moradores de uma rua próxima a minha reunem alguns voluntários e promovem um almoço beneficente para famílias carentes, mais especificamnte para as crianças dessas famílias.
Convidado...convidado, eu não fui, mas como não apareceu ninguém para desempenhar o papel de palhaço, lá estava eu.
Vestido e pintado como tal, eu só pensava: que bom fazer alguma coisa em benefício dos mais necessitados.
Assim que calei-me chegaram as crianças, ou melhor diabinhos sem aducação(óbvio), e eram de todas as idades acreditem.
Nos primeiros instantes tratei de distraí-los para que um amigo meu, fantasiado de papai noel, viesse logo em seguida. Quando começamos a distribuir balas e pipocas o inferno se instaurou. Empurrões e sucos foram o de menos, mais tarde viriam peidos e beliscões.
A hora do almoço chegou e para aquelas pessoas, definitavamente a solidariedade não existe, ainda mais com elas mesmas. Era um tal de reclama pra lá, chingamentos de cá, e assim aconteceu até que ninguém aguentasse mais e ameaçasse acabar com tudo aquilo, naquela hora mesmo.
Quando demos conta havia muitos pratos de comida jogados pelo chão, cheios, intocados. Essa visão bastou e trataram de agilisar a entrega dos presentes. Hummmmm...péssima idéia. Empurrões, beliscões e peidos, e eu lá : olha o palhaço , olha o palhaço!
O incrível é que eles agiam como se nós não estivessemos fazendo nada mais que nossa obrigação, e nem agradeciam.
Uma mulher no empurra, empurra retrucou: por que não entrega logo, fica fazendo a gente se "trocar" por merda. Nessa hora foi a única vez em que sai de mim, quase a mandei para aquele lugar. Me contive. E só gritava: olha o palhaço , olha o palhaço!
Sabia da situaçao daquelas pessoas, mas chegar a esse ponto. Eram pessoas pelas quais não valia a pena fazer coisa alguma prar ajudar, salvo as excessões. O que mais me comovia eram as crianças, nascidas e algumas já crescidas naquele ambiente familiar que exalava da boca e das nádegas daquelas mães. Alguns meninos eu olhava nos olhos e "presentia" que dalí não sairia um bom adulto, um bom cidadão. Outros eu olhava e notava que se se tornassem bons cidadãos alguma coisa os levariam para o "mal caminho", às vezes não se quer ser um bom cidadão. Nao é vantajoso.
Um garoto em especial chamou minha atenção, não sei seu nome mas, aparentava ter uns três anos de idade, levei-o para buscar o presente com o Papai Noel. Suas mãos pequeninas, lembrava-me as do meu sobrinho. Agarrei sua mãozinha e então nos pararam para tirar uma fotografia, neste instante coloquei minha mão sobre a barriga dele e notei um grande volume e rigidez, pensei comigo: pobre criança, esta infestada por vermes. sentie-me culpado por um instante, mas logo trataram-me de trazer à realidade: empurrões, chingamentos. E eu desta vez gritei: olha a palhaçada, olha a palhaçada!
conclusão, agora eu sei por que não quiseram vir como palhaço. Que sirva de lição, quem ajuda os pobres "farelo come"!

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