junho 05, 2011

UMUMA COISA É A COLOQUIALIDADE, OUTRA É FAZER DISSO UMA NORMA.

Eu fico imaginando essas pessoas sentadas, numa sala confortável, tomando seus bons "drink" e sem se preocupar com as horas e dinheiro perdidos formulando isso, enquanto milhões de outros problemas precisam ser resolvidos nesse país, como melhores salários para os professores, merenda que dê para comer, escolas em boas condições e transporte escolar adequado.

MEC lança cartilha "Por uma Vida Melhor", distribuído para 4.236 escolas do país. Ele já começa com a seguinte pérola:

"A classe dominante utiliza a norma culta principalmente por ter maior acesso à escolaridade e por seu uso ser um sinal de prestígio. Nesse sentido, é comum que se atribua um preconceito social em relação à variante popular, usada pela maioria dos brasileiros.
Agora temos luta de classes dentro da própria língua! Falar correto é coisa de burguês, e não algo a ser almejado por TODOS."
Os professores e a língua devem se curvar a qualquer um que surja com um modo específico de falar, e não é difícil imaginar que futuramente veremos nos próximos livros do MEC as frases "TODOS CHORA", "CORRAO" e "COMO FAS?" como exemplo de norma popular. Tomemos o exemplo de concordância do capítulo em questão:

"Os livro ilustrado mais interessante estão emprestado"

Você pode estar se perguntando: “Mas eu posso falar ‘os livro?’.”
Claro que pode. Mas fique atento porque, dependendo da situação, você corre o risco de ser vítima de preconceito linguístico. Muita gente diz o que se deve e o que não se deve falar e escrever, tomando as regras estabelecidas para a norma culta como padrão de correção de todas as formas linguísticas. O falante, portanto, tem de ser capaz de usar a variante adequada da língua para cada ocasião.

E não termina por aí:

Na variedade popular, contudo, é comum a concordância funcionar de outra forma. Há ocorrências como:

"Nós pega o peixe"

"Os menino pega o peixe"

Segundo o MEC, o livro está em acordo com os PCNs (Parâmetros Curriculares Nacionais) - normas a serem seguidas por todas as escolas e livros didáticos.
"A escola precisa livrar-se de alguns mitos: o de que existe uma única forma 'certa' de falar, a que parece com a escrita; e o de que a escrita é o espelho da fala", afirma o texto dos PCNs.

O linguista Evanildo Bechara, da Academia Brasileira de Letras, critica os PCNs:
"Se um indivíduo vai para a escola, é porque busca ascensão social. E isso demanda da escola que lhe ensine novas formas de pensar, agir e falar".

O Prof. Pasquale Neto alerta para o risco de exageros:

"Uma coisa é manifestar preconceito contra quem quer que seja por causa da expressão que ela usa. Mas isso não quer dizer que qualquer variedade da língua é adequada a qualquer situação."



Pelo amor de Deus não é...nem merece ser comentado: coisas do Brasil.

Nenhum comentário: